

Sindicato dos Portuários em Capatazia e Arrumadores no Comércio
Armazenador no Município do Rio de Janeiro
Como chegamos até aqui
Desde nossa fundação em 1905, nos tornamos mestres em nosso ofício. Com um atendimento incomparável, temos o compromisso de fornecer qualidade e serviços excepcionais para que nossos clientes sempre voltem a nos procurar. Estamos constantemente nos aprimorando para atender todos com qualidade.


No início do século XIX, com a vinda da Família Real para o Brasil e a Abertura dos Portos às Nações Amigas, a atividade portuária atingiu seu ápice, mas foi na década de 1870 que surgiram os primeiros projetos para o desenvolvimento de um complexo portuário no Rio de Janeiro, que até então funcionava por meio de instalações dispersas, como os trapiches da Estrada de Ferro Central do Brasil, de São Cristóvão, da Ilha dos Ferreiros e da Praça Mauá, e os cais Dom Pedro II, da Saúde, do Moinho Inglês e da Gamboa. Em 1890, dois decretos autorizaram a construção de cais acostáveis, armazéns e alpendres entre a Ilha das Cobras até a Ponta do Caju e, em 1903, o governo federal contratou obras de melhoramento para construção de 3500 metros de cais. Posteriormente, foram implantados o Cais da Gamboa e sete armazéns. Inaugurado em 20 de julho de 1910, até 1922, a administração do Porto ficou a cargo da Compagnie du Port do Rio de Janeiro e, de 1923 a 1933, da Companhia Brasileira de Exploração de Portos. Em 16 de janeiro de 1936, pela Lei nº 190, foi constituído o órgão federal autônomo, denominado Administração do Porto do Rio de Janeiro, que recebeu as instalações em transferência, ficando subordinado ao Departamento Nacional de Portos e Navegação, do Ministério da Viação e Obras Públicas.
RESISTÊNCIA

A primeira tentativa de organização de uma entidade para representar os trabalhadores em café na cidade do Rio de Janeiro se deu em 1904, numa reunião na sede da União Operária dos Estivadores, quando foi fundada a União dos Trabalhadores de Café. Por motivos desconhecidos, esta instituição não chegou a vingar. No entanto, alguns meses depois - em 15 de abril de 1905 – por iniciativa de Cândido Manoel Rodrigues e contando com a presença de outros vinte e cinco indivíduos seria criada a União dos Trabalhadores em Trapiche e Café. Durante as reuniões para formulação do primeiro estatuto da associação esta teve seu nome mudado, passando a se chamar Sociedade de Resistência dos Trabalhadores em Trapiche e Café. Ainda em julho de 1905, a Sociedade elegeu sua primeira diretoria e também inaugurou o seu pavilhão social. A entidade era composta, em grande número, por brasileiros e negros. Em seus dois primeiros estatutos, tal associação afirmava buscar a união e a defesa dos trabalhadores da categoria, tendo como principais objetivos: organizar o trabalho de trapiche e café, reivindicando a diminuição das horas de trabalho e o aumento salarial; constituir uma caixa de assistência para auxiliar e defender os associados em caso de greve ou coação de sua liberdade; criar biblioteca para instrução dos associados; firmar pactos de solidariedade com congêneres no Brasil e no estrangeiro e festejar o seu aniversário, dia 15 de abril, e também o dia 1º de maio, Dia do Trabalhador. Quanto à sua junta administrativa, esta era composta por um diretor, um secretário-geral, um secretário-adjunto, um secretário de atas, um tesoureiro e um contador. Foi pela sua participação na greve de 1906, quando grande parte dos carregadores dos trapiches e casas de café cruzou os braços para reivindicar melhores recompensas e condições de representação, que esta Sociedade tornou-se conhecida. A greve, que foi vitoriosa, deu aos carregadores melhores condições salariais e de organização perante as empresas que contratavam seus serviços. Porém, toda capacidade de mobilização que esta instituição vinha demonstrando, quase se desfez em 1908, por causa do locaute imposto pelo Centro do Comércio de Café e também por motivo de falência do Banco União do Comércio, que detinha os fundos da instituição. Nos anos seguintes, a Sociedade conseguiu se reorganizar, consolidando sua posição no mercado através da sindicalização das turmas de trabalho e de algumas greves importantes como a da Leopoldina, em 1912, e a da Cantareira, em 1914. Entre 1915 e 1918, a Sociedade de Resistência passou por momentos difíceis, quando, em um primeiro momento, se impôs de forma vitoriosa ao Centro de Comércio de Café - que acabou por reconhecer a exclusividade daquela a associação no fornecimento de mão-de-obra para o mercado. Posteriormente, sofreu grandes perdas provenientes do contexto de redução das exportações de café, resultado da ocorrência da Primeira Grande Guerra, da união dos centros patronais que somados lhe impuseram um novo locaute e também pela gripe espanhola, epidemia avassaladora que causou muitas mortes no Rio de Janeiro. Durante o mandato de Carlos Joaquim Alves, iniciado em 1922, a Sociedade de Resistência conseguiu adquirir uma sede própria na Rua do Livramento, número 68, onde está até hoje. Tal aquisição se deu mais uma vez através da união dos esforços dos sócios da instituição, que juntos conseguiram acumular 82 contos de réis para realizá-la. Em 1930, a entidade já havia retomado seu espaço no mercado, reintroduzindo suas práticas restritivas e monopolistas, o que pode ser percebido pela expansão dos serviços prestados por esta na região do cais: movimentação de carga das Companhias Brasileira de Exploração de Portos, de Navegação Costeira, Lloyd Brasileiro, Comércio e Navegação. Tais atividades estendiam-se pelo litoral desde “Maria Angu” até Botafogo, chegando também a Niterói, onde a Sociedade de Resistência mantinha uma sucursal, com um número regular de sócios.
Escola de Samba Império Serrano

Sebastião Oliveira , trabalhador portuário, membro da Sociedade de Resistência e fundador do Império Serrano.
Quem acompanha os desfiles das escolas de samba sabe que a força de uma agremiação está no seu chão. A comunidade de cada escola de samba é a raiz, que compõe sua identidade e pertencimento com a região de sua origem. Fundado em 1947, o Grêmio Recreativo Esportivo Escola de Samba Império Serrano, fez sua trajetória no morro da Serrinha, no bairro de Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro. O Império Serrano foi composto pelas últimas gerações de ex-escravizados e seus descendentes, que migraram do Vale do Paraíba e, sobretudo, pelos trabalhadores do porto do Rio de Janeiro e suas famílias. As regiões recortadas pela linha férrea, como Madureira, foram opções de moradias baratas para muitos trabalhadores no Rio de Janeiro desde o início do século XX, incluindo muitos estivadores e portuários em geral. A fundação do Império Serrano remete à dissidência da escola de Samba Prazer da Serrinha, representante dos moradores do morro nos desfiles de carnaval no início da década de 1930. Um grupo de jovens descontentes com a direção da Prazer da Serrinha, formou uma nova escola. Fundada em 1947, a Império Serrano, com sede na rua da Balaiada 133, foi gestada nas casas das famílias do morro da Serrinha, sob liderança dos trabalhadores portuários que moravam na região. Embora sua sede original tenha desabado devido a um forte temporal, na década de 1960, e hoje esteja localizada em uma das vias centrais do bairro de Madureira, o seu chão e lugar de memória é o morro da Serrinha. A Sociedade de Resistência foi fundada em 1905, sob o “auspício” do Sindicato dos Estivadores do Porto do Rio de Janeiro (1903), que até aquela data aglutinava diferentes modalidades de trabalho na região. Embora o trabalho da estiva seja uma modalidade específica executada dentro das embarcações, entrou no jargão dos trabalhadores portuários do Rio de Janeiro a autoidentificação como estivador ou simplesmente operários do cais do Porto. Uma identidade profundamente alçada na historicidade do trabalho na região e na força mobilizadora de seus sindicatos, que controlavam a oferta da mão de obra e os preços dos serviços, em uma relação conhecida como “closed shop”.
O ingresso à Sociedade de Resistência se dava pela indicação de um membro ou pela hereditariedade, que era avaliada em reuniões e condicionada a um tempo de experiência no trabalho para a aprovação definitiva. O controle do acesso ao sindicato através de indicações fortaleceu o peso das relações familiares e a predominância de homens negros em seus quadros, como nos casos dos Oliveira, Feliciano e Dias, famílias moradoras do Morro da Serrinha que participaram da fundação do Império Serrano. Em 1947, ano de fundação do Império Serrano, a Sociedade da Resistência era um sindicato consolidado e estava em vias de construção de sua sede própria, um imenso prédio na rua do Livramento. Além de espaço de mobilização e organização da categoria, a sede ficaria na memória coletiva dos moradores da região portuária e do morro da Serrinha como um lugar de festas e diversões.
Nessa época o presidente do sindicato era Eloy Anthero Dias, o Mano Eloy, Sambista pioneiro, incentivador da fundação de escolas de samba e morador das redondezas do morro da Serrinha. Frequentador dos jongos e lazeres da região, suas experiências como presidente do sindicato e com o carnaval das escolas de samba foram fundamentais para a construção de uma agremiação com forte inspiração na valorização das redes familiares e no associativismo como forma de desenvolvimento local e na busca de um espaço democrático para os saberes presentes na escola de samba. Até o fim de sua vida, em 1971, Mano Eloy participou ativamente do Império Serrano. Mesmo tendo iniciado seus desfiles mais de uma década após o início do campeonato oficial de escolas de samba, o “Reizinho de Madureira”, como o Império Serrano é conhecido, entrou na história do carnaval carioca como um dos maiores vencedores dos desfiles, com nove títulos de campeão no Grupo Especial e quatro no Grupo de Acesso. Atribui-se a sua vitória nos quatro primeiros campeonatos (1948, 1949, 1950, 1951) aos recursos advindos das relações com os trabalhadores do porto. Parte do salário dos associados do sindicato eram destinados ao Império Serrano em troca do passe livre dos trabalhadores nas festas promovidas pela escola de samba. A relação entre o sindicato e o Império Serrano faz parte das memórias cantadas em letras de sambas. Expressões como “resistência”, “luta pela liberdade” e “democracia” são recorrentes nas músicas da escola, como foi o caso do enredo de 2001, “O Rio corre pro mar”, em que Arlindo Cruz e outros compositores do Império homenagearam o porto e os trabalhadores da estiva.